A Caminho dos ODS
Estamos em uma época de muitos conflitos de interesses, mas bem longe de conflitos ideológicos. A questão é que as pessoas se mobilizam por interesses pessoais, sem noção clara do que se defende em termos de uma atuação mais politizada e mais cidadã. Não se pensa no coletivo mas no individual. Na realidade, inventam cerimônias, convidam autoridades e pessoas importantes, fazem Coffee break e banquetes em nome da cidadania, solidariedade, justiça social e desenvolvimento sustentável mas tudo não passa de muita encenação e demagogia. O verdadeiro objetivo disso tudo todo mundo já conhece: é uma forma de se autopromoverem, barganhar prestígio, status e influência política partidária.
Falam de voluntariado, participação social, mobilização com um sorriso falso nos dentes, como de costume, para ludibriar as pessoas que gostam de pompas e bajulação. Encenam uma doçura e leveza no olhar para conquistar ps corações mais fáceis de envenenar com suas mentiras e demagogias. Encantam dissertando sobre a fome e a miséria vestida na mais alta moda, adornada de jóias e pensando no lucro.
Enquanto isso, dados relacionados a desigualdade social (Índice de Gini) indicam que a cidade de Fortaleza está em 5.379º lugar no ranking nacional, considerada como uma das cidades mais desiguais socialmente no Brasil (ver em http://www.relatoriosdinamicos.com.br/portalodm/perfil/BRA002023059/fortaleza—ce). No Índice de Desenvolvimento Humano, a cidade está em 467º lugar no ranking nacional, bem longe do desenvolvimento que queremos, apesar de nos últimos anos ter havido investimentos bilionários na área industrial.
Quando observamos o que se tem feito para combater a fome e a miséria tem resultado em diminuição do percentual da população que estava abaixo da linha de indigência e entre esta linha e a de pobreza. Mas ainda temos um número significativo de pessoas nessas condições, talvez agravado pela seca que sempre assola algumas regiões e que infelizmente enriquece apenas aqueles que faturam com a “indústria das secas”. Como Fortaleza é uma cidade que recebe muitos retirantes das zonas rurais, ela sofre as consequências causadas pela sua má organização espacial urbana, infra-estrutura decadente e péssimos serviços sociais, de saúde e educação básica. Nos dados de 2010, são 13,8 % da população , ou seja, 329.194 pessoas que ainda vivem com renda domiciliar per capita inferior a R$140,00 e tentando sobreviver com esse valor todo mês.
Proporção de pessoas abaixo da linha da pobreza e indigência – 2000/2010
O impressionante é que apesar das políticas públicas e ONGs se esforçarem para atingir essa população e melhorar a qualidade de vida delas, no meio do caminho existem obstáculos históricos que parecem intransponíveis. o primeiro deles é a corrupção que assola o setor público e é considerado culturalmente como uma postura normal e natural aos gestores públicos. Não são todos que assim agem, mas os que acumulam riquezas explorando recursos públicos causam um prejuízo enorme ao futuro da nossa cidade.
Para exemplificar o prejuízo, podemos tomar por base a falta de melhoria na Educação. São muitos casos de desvios de verbas de merenda e transporte escolar. O resultado é o impacto negativo na taxa de frequência de crianças e adolescentes nas escolas. Verificou-se que no CENSO 2010, 16,2% das crianças de 6 a 14 anos não estavam na escola. E o pior: 50,5% de jovens de 15 a 17 anos estavam fora da escola, ou seja, a metade dos jovens estava fora da escola. Talvez o alto índice de mortalidade e violência entre jovens tenha aumentado por causa dessa evasão escolar. Os esforços para mudar esse contexto social tem sido muitos, com vários programas para a valorização da educação não só formal mas também profissional. Mas ainda estamos com um déficit de desenvolvimento muito alto nessa área.
Então surge uma questão: o que fazer para mudar a situação? basta apenas mudar a presidência?
Nas manifestações dos últimos tempos tem se ouvido falar em combate a corrupção e democracia. Mas contraditoriamente, também falam em ditadura e praticam atos como estacionar em locais para idosos e pessoas com deficiência, dirigir embriagado, andar com documentos do carro irregulares, usar da calúnia, difamação, preconceito para derrubar os outros, não se informar sobre a política local e o mais lamentável, nunca participar de conferências ou encontros em defesas de seus direitos e nem ser voluntário para mudar a situação.
Muito ainda há para se fazer e precisamos de todos para que seja feito. Estamos vendo apenas uma ponta do iceberg e quase ninguém entende nada de desenvolvimento sustentável. O atraso é muito grande, mas a preguiça mental ainda é pior. Pensar e dialogar dá muito trabalho para uma parte da população. Só conseguem se expressar se for pelo discurso do ódio e da destruição.
Diante desse caos, um grupo firme e forte confia em valores fundamentais para uma sociedade mais justa e igualitária. Um grupo que não se vende, não se abala, não se imobiliza e nem se cala devido às ameaças. Esse grupo é o grupo que quer ver esse país dar certo. E vai dar certo.
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